APRESENTAÇÃO
O objetivo deste texto consiste em demonstrar que a integração/aplicação dos princípios da auto-organização à psicoterapia constitui uma forma mais compreensiva/explicativa/completa/ampla e por isso holista, dos processos de conhecimento e experiência humana. Por conseguinte, permite um entendimento dos processos psicopatológicos, não como estados fixos nem doenças, mas como sendo modos de processamento ou dimensões de coerência sistémica, ou ainda, formas de combinação e recombinação do significado pessoal, que podem surgir a qualquer ser humano em qualquer momento da sua história/ciclo de vida. Consideram-se, portanto, que essas dimensões de coerência sistémica são pertencentes à ontologia/história de vida do sujeito. Pretendemos ainda fornecer/explicitar uma alternativa mais eficaz para o restabelecimento/ (re)organização do ser humano, que a qualquer momento ou situação de vida pode entrar em sofrimento.
Cada ser humano constrói uma forma particular de manter estável o sentido de si mesmo, ou seja, uma forma pessoal de ordenar o mundo. Tudo isto nos dirige plenamente ao domínio da Psicologia e da Psicoterapia. Na Psicoterapia pós-racionalista, é papel e habilidade do terapeuta trabalhar na interface entre o que é experiência imediata vivida pelo cliente e a explicação que ele dá da mesma, ou seja, são feitas observações por parte do cliente: enquanto protagonista da sua história (em que é relatado como se sente no momento vivido) e como narrador da sua experiência (como se vê). O terapeuta deve, a partir desse trabalho terapêutico, perceber a forma pela qual o cliente se autorrefere na experiência imediata e assim conhecer os mecanismos e recursos que ele utiliza para ordenar a sua experiência e como a partir dela faz a sua construção de significados. Dado o exposto, é objetivo da terapia pós-racionalista conduzir estrategicamente o cliente a uma reconstrução da sua experiência imediata (auto-organizar-se) através do mecanismo de auto-observação. O cliente é conduzido a aumentar a sua consciência e compreensão sobre a própria maneira de organizar a experiência e o seu significado pessoal, aumentando o seu nível de autorreferencialidade e assim permitir que consiga integrar experiências (que antes eram) discrepantes que estiveram na origem da sua crise ou descontinuidade na narrativa pessoal
A AUTORA
Liliana Pena é licenciada em Psicologia (2002) pelo Instituto Universitário da Maia (ISMAI). Reconhecida pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, da qual é membro efetivo, como Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Especialista em Psicologia da Educação. Pós-graduada (2004) e Mestrada (2009) em Ciências Cognitivas pela Universidade Católica Portuguesa. Realizou o 1º nível de especialização em “Psicoterapia Cognitiva Pos-racionalista” no Centro de Terapia Cognitiva Posracionalista de Buenos Aires, Argentina, com Juan Balbi, em 2007. Em 2016 tornou-se terapeuta certificada em EMDR, sendo membro da Associação EMDR-Portugal e reconhecida pela Ordem dos Psicólogos Portugueses como especialista avançada em Psicoterapia. A sua prática clínica é voltada para as crianças, jovens e suas famílias, havendo sido elemento de duas Equipas Multidisciplinares de Assessoria aos Tribunais (EMAT), no âmbito da proteção de menores em risco. Realizou formação em Coaching, pela International School of Professional Coaching (ISPC), é formadora em diversos cursos de desenvolvimento de competências pessoais, relacionais e profissionais, em Portugal e Angola. É docente Auxiliar na Universidade Óscar Ribas, Luanda (Angola) desde Março de 2009, lecionando Terapia Cognitiva Comportamental e Psicofarmacologia, no curso de Licenciatura em Psicologia Clínica. É orientadora e membro Júri em diversos trabalhos científicos. Encontra-se em fase conclusiva da tese de doutoramento em Geografia Humana, sob o tema de saúde mental no trabalho docente em Angola1ª Edição
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